O 'Curso de Vinho para Totós' voltou ao programa da Alma do Vinho para regozijo dos 20 participantes que acorreram ao Fórum Romeira para ouvir com atenção o sommelier Pedro Moreira, que não deixou qualquer dúvida por elucidar a quem se propôs a este curso de iniciação no mundo do vinho. O facto de o grupo ser distribuído entre 10 homens e 10 mulheres indicia que a vontade de se tornar um conhecedor, primitivo ou mais aprimorado, de todos os processos que a vitivinicultura acarreta não tem sexo ou mesmo idade. As dúvidas floresceram ao cabo de mais de duas horas de um discurso didático e abrangente que aguçou a curiosidade e também o paladar dos participantes.
Luís Mariano rumou a Alenquer desde Alverca para partir à descoberta, garantindo que não chegou à preleção de Pedro Moreira com um vazio de ideias sobre o vinho e os processos do mesmo. “Estou contente. Não era um 'totó' completo, tinha alguns conhecimentos. Tirei algumas dúvidas que tinha. É sempre bom aprender mais alguma coisa sobre vinho”, frisou, explicando o intuito que o levou ao Fórum Romeira durante a realização do maior festival de vinhos da região de Lisboa, na última sexta-feira. “Vi esclarecida a questão da prova, aquilo que podemos adquirir ao fazer uma prova de vinho, como devemos abordar essa prova, houve também algumas questões que as pessoas colocaram e essas dúvidas também foram tiradas pelo sommelier Pedro Moreira. Em termos gerais, foi positivo", sintetizou o participante no curso para iniciantes, que foi tirando notas ao longo do final de tarde.
Como se faz um vinho e quais as condicionantes para a sua elaboração? Terá o clima um peso assim tão grande na produção? Quais os quatro momentos para uma prova de vinho? Estas e muitos mais questões foram esclarecidas pelo escanção que propiciou sempre momentos de interação perante uma sala atenta e curiosa. "Já tinha feito uma abordagem diferente a esta temática, do cheirar e do provar. Aqui a expectativa que tínhamos é que nós somos mesmo ‘totós’ em termos de vinho. Nós gostamos e apreciamos o vinho. A expectativa era percebermos estes pequenos toques e subtilezas do olhar e do cheirar. Nesse contexto, acho que foi interessante". Catarina Pato veio de Lisboa até Alenquer com mais duas amigas, todas elas fãs de vinho mas assumidamente leigas quando pegam num copo, mas não sobre qualquer matéria, como revelou à saída do curso.
"Pessoalmente, já sabia algumas das coisas explicadas. Por exemplo, a diferença da temperatura dos vinhos, o tipo de copos, mas este aperfeiçoar das ligas de sabor entre o doce, o ácido e o salgado, essas foram verdadeiramente as novidades mais engraçadas", deu conta. Uma das amigas gostou da abordagem proposta, pela fusão entre o conhecimento teórico e a experiência tida em prova. "Este é mesmo o meu primeiro curso de vinho e mesmo para ‘tótós’ (risos). Gostei muito da experiência", começou por afirmar Miriam Viegas, chegada diretamente da capital do país. "Há muita coisa no vinho que nós não imaginamos", assumiu, adiantando que, em primeira análise, foi importante perceber as diferenças entre "o fabrico do próprio vinho e o que muda entre eles, do vinho branco, ao tinto e rosé".
"Vimos todas aquelas diferenças que não pensava mudarem tanto assim o vinho. Depois, foi importante mostrar-nos como nós podemos provar o vinho e perceber algumas coisas, mesmo que não sejam muito pormenorizadas. Dá para perceber que tipo de vinho queremos beber e com que tipo de comida queremos acompanhar o vinho, o que é muito interessante", concluiu Miriam Viegas, aludindo aos 'casamentos' entre pratos e vinhos que Pedro Moreira foi revelando. O desejo de voltar à Alma do Vinho em 2024 ficou vivo.
Vontade de aprender até para um produtor
Pedro Torres faz parte de uma família de produtores de vinho. O conhecimento da vitivinicultura não o impediu de estar num fórum que não é restrito a quem possui um conhecimento sobre o tema mais moderado. Este enólogo natural de Vila Franca de Xira gostou do que ouviu no 'Curso de Vinho para Totós'. "O curso é cativante. Ele fala muito bem e tem muita cultura vitivinícola", aferiu, apontando ao espírito construtivo que a presença na esfera do vinho e da vinha deve aportar.
“Somos da região vitivinícola de Arruda dos Vinhos. Tinha umas expectativas baixas para este momento. Somos produtores e engarrafadores de vinho. Queremos viver todas as experiências e evoluir com todas elas. As expectativas estavam muito abaixo do que o curso veio a transmitir. Ou seja, o Pedro Moreira conduziu muito bem o curso. Trouxe vários temas para cima da mesa que eu desconhecia, seja a evolução da região, etc... Muitas coisas interessantes", sublinhou. Pedro Torres garantiu que a produção de vinho que realiza pode ter mesmo um incremento de qualidade após a frequência do curso. "Levo daqui muita coisa para casa que desconhecia. Desde logo, no processo de vinificação e, como eu disse, nós somos produtores, conhecemos os processos, mas há ali pequenos pormenores que ele nos deixou elucidados. Esta prova de vinhos foi francamente muito produtiva", afirmou, satisfeito com o resultado final da experiência em Alenquer.